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O escritor elegeu-se vereador em 1951 e foi vice-presidente da Casa

Foto: Tonico Alvares

O trabalho vencedor do Salão está ao lado do Plenário

O Salão de Artes Câmara Municipal de Porto Alegre, hoje em sua 20ª edição, foi idealizado pelo escritor, jornalista e ex-vereador Josué Guimarães (1921-1986), autor da Lei 940, de 6 de novembro de 1952, que criou o evento. Em 2014, o Salão reúne 57 obras de 40 artistas visuais gaúchos ou residentes no Rio Grande do Sul e pode ser visitado até 3 de outubro, com entrada franca. 

Candidato mais votado em 1951, Josué Guimarães elegeu-se vereador pelo PTB e ocupou o cargo de vice-presidente da Câmara da Capital, onde atuou até 1955. Entre seus projetos, além de criar o Salão de Artes, batizou de Largo dos Medeiros o espaço entre a Praça da Alfândega e a Rua General Câmara, para homenagear os proprietários do Café e Confeitaria Central. Na esfera da política, o escritor também chefiou o gabinete de João Goulart na Secretaria de Justiça do RS, durante o governo de Ernesto Dornelles, e dirigiu a Agência Nacional de 1961 a 1964, quando Jango presidiu o país. Defensor da democracia, o ex-vereador foi perseguido pela ditadura militar.

Josué Guimarães nasceu em São Jerônimo (RS), em 7 de janeiro de 1921. Chegou a Porto Alegre após a Revolução de 1930, concluiu os estudos primário e secundário, e, em 1939, começou a trabalhar no Correio da Manhã, no Rio de Janeiro. Voltou ao Rio Grande do Sul quando o Brasil entrou na II Guerra Mundial. Foi repórter, secretário de redação, colunista, comentarista, cronista, editorialista, ilustrador, diagramador e diretor de jornal. Passou por importantes periódicos, como Diário de Notícias, Correio do Povo, Folha da Tarde, Última Hora, Zero Hora e revista O Cruzeiro. Criou o jornal D. Xicote (um de seus pseudônimos) e foi correspondente na URSS, na China, em Portugal e na África, além de redator da agência de propaganda MPM. 

Na literatura, Josué Guimarães despontou apenas aos 49 anos, mas publicou 20 livros de romances, contos e infantis, tornando-se um dos grandes escritores do Brasil. Em 1970, lançou Os Ladrões, premiado no Concurso de Contos do Paraná, o mais importante do país nas décadas de 60 e 70. São de sua autoria também a obra-prima A Ferro e Fogo (1972 e 1973), trilogia sobre a colonização alemã, da qual o último volume ficou inacabado, e os romances Tambores Silenciosos (1976), Dona Anja (1978) e Camilo Mortágua (1980).

O ex-vereador, escritor e jornalista morreu em 23 de março de 1986, vitimado por um câncer de intestino. No mesmo ano, por sugestão do vereador Isaac Ainhorn (já falecido), a Câmara Municipal de Porto Alegre realizou sessão solene em sua homenagem, lembrando seu legado de homem público e intelectual. A Biblioteca Municipal de Porto Alegre foi batizada com seu nome.   

Inicialmente aberto apenas a artistas gaúchos, o Salão de Artes da Câmara funcionou de 1953 ao início da década de 1960, foi suspenso durante a ditadura militar e reativado em 1988, quando passou a aceitar a participação de candidatos de outros Estados e países. Desde então, é realizado a cada dois anos (com exceção de 2012), firmando-se como espaço de exibição para a arte contemporânea no Rio Grande do Sul.

Em 2014, na 20ª edição do evento, a artista Ana Mähler conquistou o 1º lugar (Prêmio Aquisição), com a instalação Escada 15. Os cinco Prêmios de Incentivo à Criatividade foram concedidos a Ana Flores e Simone Nassif, Juliana Scheid, Louise Kanefuku, Luci Sgorla e Márcia Braga. Receberam Menções Honrosas Cassiano Lopes Sotomaior, Denis Nicola, Manu Raupp e Paula Ruszkowski. A lista dos selecionados está na página salao.camarapoa.rs.gov.br

O 20º Salão pode ser visitado das 8h30min às 18 horas, de segundas a quintas-feiras, e das 8h30min às 16h30min, às sextas-feiras. Informações: (51) 3220-4318, no Memorial da Câmara Municipal (Avenida Loureiro da Silva, 255).