15/02/2016

Foto: Matheus Piccini/CMPA

Vereador João Carlos Nedel

Projetos

Projeto dá nome a sete ruas do Bairro Mário Quintana

Tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre o projeto de lei do legislativo que denomina Rua Francesco Giuseppe Rosito, Rua José Barletta Celia, Rua Frederico Barletta Celia, Rua Januário Severino, Rua Carmine Severino, Rua Giacomino Severino e Rua Luigi Santagada os logradouros não cadastrados conhecidos, respectivamente, como Rua Três Mil e Sessenta e Dois (Jardim Safira), Rua Três Mil e Sessenta e Quatro (Jardim Safira), Rua Três Mil e Sessenta e Cinco (Jardim Safira), Rua Três Mil e Sessenta e Nove (Jardim Safira), Rua Três Mil e Setenta e Um (Jardim Safira), Rua Três Mil e Setenta e Dois (Jardim Safira) e Rua Três Mil e Setenta e Três (Jardim Safira), localizados no Bairro Mário Quintana. A proposta tem a autoria do vereador João Carlos Nedel (PP).

Francesco Giuseppe Rosito

Francesco Giuseppe Rosito nasceu em Morano Calabro, na Itália, em 9 de agosto de 1905, filho de Rafaelle Rosito e Mariangela Faillace Rosito. Dos 9 aos 13 anos de idade, presenciou o drama da 1ª Guerra Mundial, evento que dizimou parte da população da Europa e deixou profundo trauma nos seus sobreviventes. Em 1923, perto de completar 18 anos e com a consequente proximidade do serviço militar obrigatório, os pais de Francesco resolveram mandá-lo para o Brasil, uma vez que temiam que uma nova guerra irrompesse no velho continente, levando seu filho para os campos de batalha. Francesco instalou-se em Porto Alegre. Nos anos 1930, Francesco assumiu o estabelecimento deixado por seu tio, que retornou para Morano Calabro. Fundou a Associação dos Retalhistas da Carne Verde, exercendo, por vários anos, a presidência dessa instituição. Quando a associação foi reconhecida como Sindicato dos Retalhistas, Francesco deixou a presidência, já que a legislação exigia que o ocupante do cargo fosse um cidadão brasileiro. Foi um dos responsáveis pela introdução do S/A Frigorífico Anglo em Porto Alegre. 

José Barletta Celia

José Barletta Celia nasceu em Morano Calabro, Itália, em 28 de julho de 1910.  Nos anos 1920, junto com seu irmão, Salvador, mudou-se para o Brasil, estabelecendo-se em Porto Alegre, onde já vivia um grande número de imigrantes italianos oriundos de Morano Calabro. Entre aqueles imigrantes, estavam Gaetano e Felicio, também irmãos de José. Junto com os irmãos José iniciou sua vida profissional na Capital, quando fundaram a Celia Irmãos, empresa de atacado e varejo atuante no segmento de tecidos, localizada na tradicional Rua da Praia. Concomitantemente ao trabalho profissional, José, ao lado de seus irmãos, era um dos líderes de diversas atividades sociais e religiosas, principalmente no Bairro Glória, onde fixou residência nos anos 1940. Casou-se, em 1948, com Suelly Stumpt Celia, com quem teve os filhos José Antônio e Maria do Carmo. Faleceu em 15 de setembro de 1969, em Porto Alegre, aos 59 anos.

Frederico Barletta Celia

Filho de Antônio Celia e Carmella Barletta Celia, Frederico Barletta Celia nasceu em Morano Calabro, Itália, em 1913, um ano antes de eclodir a 1ª Guerra Mundial. Não foi uma infância fácil para Frederico, que, no despertar da vida, testemunhou um dos capítulos mais sangrentos da história da Europa. Quando, no alvorecer da década de 1920, seus irmãos Gaetano, Felicio, Salvador e José resolveram deixar a pequena cidade da região da Calábria para “fazer a América”, como diziam os moraneses que imigravam para o Novo Mundo, Frederico teve que permanecer em sua terra natal por ser o mais jovem dos irmãos. Porém, ao final dos anos 1920, já em solo gaúcho, Frederico associou-se aos irmãos Gaetano, Felicio e José, formando a Celia Irmãos, empresa de atacado e varejo atuante no segmento de tecidos, localizada na tradicional Rua da Praia. Assim como os irmãos, Frederico domiciliou-se no Bairro Glória, desenvolvendo, naquela região, uma forte atividade comunitária e religiosa. 

Liderança católica, usou sua influência junto aos Irmãos Maristas, para ajudar na fundação do Ginásio Assunção. Também foi um dos fundadores do Colégio Normal Nossa Senhora da Glória, das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Em Tramandaí, onde veraneava, ajudou, decisivamente, na construção da Igreja dos Navegantes e do hospital local. Casou-se com Ilka Hackmann Celia, com a qual teve os filhos Salvador, Cláudio, João Paulo e Flávio Antônio. Frederico morreu em 30 de agosto de 2001, aos 88 anos.

Januario Severino

Januario Severino nasceu em Morano Calabro, em 12 de setembro de 1914. Viveu por 15 anos na Itália, tempo suficiente para aprender o ofício de sapateiro e trabalhar para ajudar no sustento da família. Em 1929, a situação, que já era complicada, piorou com a chamada “Grande Depressão”, que teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque e gerou a pior crise econômica mundial do século XX. Com um quadro tão insatisfatório em sua terra natal, Januario Severino, junto com sua mãe, migrou para o Brasil e juntou-se ao seu pai, que os esperava em Porto Alegre. Na Capital, iniciou sua vida profissional, atuando como sapateiro, único ofício que sabia exercer.

Já dominando o novo idioma e adaptado aos costumes de sua nova terra, Januario iniciou uma carreira de empreendedorismo e sucesso, fruto de sua tenacidade e de seu trabalho árduo. Foi proprietário de loja de calçados, de relojoaria e de loja de tabaco. Também foi dono de uma agência lotérica. Em 1938, casou-se com Ruth Lamperti e, dessa união, nasceram os filhos Helena e Roque. Chegou a ser presidente do Centro Ítalo-Brasileiro, que, durante sua gestão, passou a oferecer o curso de língua italiana. Januario Severino veio a falecer em Porto Alegre, no dia 15 de setembro de 1981. 

Carmine Severino

Carmine Severino, também conhecido como Nuccia Vecchia, nasceu em Morano Calabro, em 15 de janeiro de 1929. Após passar a infância em difíceis condições de vida, provocadas por uma grave crise econômica, e sobreviver à Segunda Guerra Mundial, deixou a Itália em 1947, aos 17 anos, e rumou para o Brasil, seguindo o mesmo caminho trilhado por tantos outros conterrâneos calabreses, entre eles seu pai Francesco. Já em terras brasileiras, Carmine instalou-se em Porto Alegre e iniciou sua vida profissional trabalhando em um armazém de secos e molhados. Quando, à custa de muito sacrifício, conseguiu acumular dinheiro suficiente para empreender o próprio negócio, abriu uma cafeteria na Avenida Borges de Medeiros. Mais tarde, decidiu mudar o ramo de atuação profissional, abrindo uma loja de artigos de couro, na qual trabalhou até se aposentar.

Foi um dos integrantes da diretoria que fundou a Sociedade Italiana do RS, sendo, posteriormente, presidente daquela associação por dois mandatos. Entusiasta da integração da colônia moranesa em Porto Alegre, foi membro do grupo que ajudou na fundação do Centro Calabrese Del RS, além de diretor social do Comites, órgão que representa os italianos que residem fora da Itália. Carmine Severino faleceu em 11 de maio de 2015, em Porto Alegre, aos 86 anos.

Giacomino Severino

Giacomino Severino nasceu na cidade italiana de Morano Calabro, em 1931, ano em que a Itália atravessava uma grande crise econômica, onde apenas 44% da população ativa do país estava empregada. Em 1949, Giacomino Severino, então com 18 anos, desembarcou no Porto de Santos, em São Paulo, com a esperança de dias melhores. Como fizeram outros de seus conterrâneos, rumou para Porto Alegre, onde foi acolhido pela já estabelecida colônia moranesa da Capital.

Iniciou sua vida profissional em solo porto-alegrense, vendendo bilhetes de loteria, charutos, cachimbos e afins no Café Rex, defronte à Praça da Alfândega. Na década de 1960, fundou sua própria tabacaria e lotérica, na Rua Voluntários da Pátria, agregando ao estabelecimento o serviço de lanches. Em 1970, mudou o ramo de negócios, transformando sua loja em relojoaria. Nos anos 1980, comprou sua própria sede, na mesma Rua Voluntários da Pátria, onde ainda está em funcionamento a Relojoaria e Ótica Severini. Foi em Porto Alegre que Giacomino conheceu Maria Carmela Laitano, com quem casou, em 1955. Severino foi um dos fundadores do Centro Calabrese Del RS, criado com o intuito de manter as tradições trazidas da Calábria e de aproximar os patrícios moraneses e seus descendentes. Participou ativamente na realização de eventos relacionados à cultura moranesa, como a Festa de Nossa Senhora do Carmo e a Cerata Italiana. Morreu em 5 de outubro de 2005.

Luigi Santagada

Luigi Santagada nasceu em Cassano Allo Ionio, província de Cosenza, em 28 de setembro de 1928, filho de Salvatore Santagada e Filomena Apostolo Santagada. Desembarcou no Porto de Santos em 8 de setembro de 1955. Do litoral paulista, partiu para a cidade de Cachoeira do Sul, interior do Rio Grande do Sul, e depois para a Capital. Sem conhecimento da nova língua, com pouca instrução e sem condições para investir num negócio próprio, a solução foi trabalhar como empregado no “Açougue Internacional”, do patrício João Rimoli, localizado no Bairro Glória. Após um ano e três meses de trabalho duro, finalmente conseguiu instalar seu próprio açougue. Morador dedicado à sua comunidade, plantou, nas ruas do Bairro Glória, videiras, amoreiras, abacateiros, figueiras e até tomateiros. Os vizinhos o apelidaram de “funcionário do DMLU”, devido ao seu costume de varrer calçadas e limpar bocas-de-lobo que infernizavam os moradores durante as fortes chuvas. Luigi Santagada faleceu em 26 de dezembro de 1998, em Porto Alegre, aos 70 anos. E, até o final da vida, sempre fez questão de ressaltar o amor e a gratidão que sentia pela terra que o acolheu.

Texto: Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)


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